« Questões de Moral»

Tenho zero safadeza, faço a cama, ponho a mesa p'ra jantar.
Nunca fui de ponta-e-mola, nunca me baldei à escola p'ra passear.
Sou um puto diferente, até já li o Gil Vicente sem nunca me queixar.
Tomo conta das Irmãs e p'las manhãs sou o primeiro a acordar.


Aprendi da maneira complicada a moral aprimorada do Papá.
Sei que não posso roubar, nem a dormir nem a sonhar com as alegrias que aqui não há.
Vou tentando cuidar de entender a propriedade e porque é que há malta má.
Mas se por cada coisa boa vou ficar melhor pessoa porque não ser mau p'ra já?


Às vezes dou por mim com cada mariquice que a família põe-se logo 'abusar.
Levar com a sexta mordidela e ser bonzinho p'rá cadela já me está a chatear.
Ver a infância passar co'este medo de errar, "olha o exemplo, olhas as Irmãs".
Vem a Avó e vem a Tia; todas pregam todo o dia. Não pedi por mais Mamãs.


Porque é que o bom é melhor que o mau?
Porque é que o Mal é pior que o Bem?
Porque é que é certo ser cara-de-pau, mas está mal ser filho-da-mãe?


Porque é que o bom é melhor que o mau?
Porque é que o Mal é pior que o Bem?
Porque é que é certo ser cara-de-pau, mas está mal ser filho-da-mãe?

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"Here is my secret. It is very simple: It is only with the heart that one can see rightly; what is essential is invisible to the eye."

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