Para o meu querido Alguém.

Tenho medo e é só isso. Não que o medo seja coisa simples por si só. Mas não me passa mais nada para além de medo. Tenho medo que não gostes do que encontras. Tenho até medo de ser eu própria, por ter medo de mim quando o sou. Tenho medo das idades. Não que elas sejam muito distas, simplesmente o que advém da diferença é complicado. Tenho medo de não entenderes, tenho medo até de falar. E logo eu, que até sou alguém que diz coisas, tantas coisas às vezes. Sempre podes mandar-me calar quando achares que falo demais. As conversas banais fazem parte do meu dia-a-dia, mas o que te queria dizer em nada era banal.
Queria dizer que te gosto. Que te gosto muito assim. Que entraste e que tenho medo. Porque não sei, a frio, se é mútuo. Tenho medo de pôr a carroça à frente dos bois. Tenho medo que tenhas medo de mim. Não porque sou perigosa (porque de perigosa tenho pouco) mas, sim, porque exijo. Não sou simples, nunca fui. Mas também não sou complicada, simplesmente sinto. E o que sinto assusta-me, não porque não goste de sentir, porque acho que sentir torna-nos vivos, mas sim porque te vejo a deixar-me entrar, também.
Tenho medo de não te fazer feliz. Não que ache que não consiga, mas porque és diferente. Nem sei muito bem como és com o que sentes, nem sequer o que sentes nem como reages quando sentes. Sei que gostas, e isso também eu. Mas não sei se sentes suficiente, e eu não sei se o que sinto me dará forças.
Sinto que gosto de coisas complicadamente simples. Gosto de segurança, sem aborrecimento. Não me importo de discutir, desde que o objectivo final seja comum. Não me importo de distância, desde que me sinta "em casa" enquanto estás longe. Sim, gosto de atenção, de mimo. Gosto até daquele amor foleiro e meloso, cheio de beijos e carícias... Sinto que gostas também e isso é positivo.
Não sei se gostas de falar comigo, ou de sequer estar comigo. Eu sinto que sim. Mas o que sinto já me atraiçoou tanta vez, que já não confio nos sentimentos. Confio mais no que vejo, no que toco, no que me mostram.
Não gosto de me sentir insegura. E é o sentimento que me tem avassalado nestes últimos dias, porque não sei de nada. Porque tenho medo de falar. Ainda tentei, mas noto que não te sentes a vontade em falar. Pensei que fosse a tua maneira de me mandar calar. E eu calei-me. Não te quero assustar, longe de mim querer fazer-te sentir desconfortável.
Acho que acordas bem, e fazes-me bem quando acordas. Já te disse isto. A tua boa disposição é contagiante e fazes-me rir com vontade. Gosto que me façam rir, e eu sei que todas as mulheres dizem isto. Mas eu sinto-o. Acho que a vida é sempre melhor encarada com um sorriso, e sempre tentei rir-me nas minhas piores horas, assim como adoro fazer rir os outros.
Sinto que me fazes falta. Não uma falta exagerada a ponto de não conseguir fazer nada, mas saudável. Acho que a saudade é má. Não porque significa coisas más, mas porque não gosto de me sentir inquieta. Gosto de conforto. Gosto de me sentir "quente" por dentro, mas não gosto de me sentir abanada. E é abanada que me sinto nestes últimos dias.
Acho que me tens como alguém diferente do que sou. E por isso tenho medo. E por não querer mudar a imagem, por ter medo que não gostes da volta, é que me calo, que não falo. Eu sei que todo ou qualquer relacionamento é feito na base do diálogo. Mas é o início e eu calo-me. Acho que não é a hora, nem tenho coragem para te enfrentar de cara, porque o que tenho para dizer pode não ser o correcto e não quero apenas "dizer coisas". Então calo-me.

E eu não te quero longe...
E não penso mais nisto

(ponto)

0 Coisa(s):

Sobre mim

A minha foto
Porto, Portugal
"Here is my secret. It is very simple: It is only with the heart that one can see rightly; what is essential is invisible to the eye."

Arquivos

Powered By Blogger

Seguidores